Promoção da saúde mental e combate ao estigma através das artes plásticas – Direção Geral da Saúde

Exposição

Ano: 2015
Local: Epic Sana Hotel, Lisboa, Portugal
Promotor: Direção Geral da Saúde

O imaginário popular tem associado a doença mental a uma criatividade excepcional e à realização de grandes obras de arte. Trata-se de uma associação equívoca, quer em relação à natureza da doença mental, quer ao modo de expor e interpretar a obra de pessoas que sofrem de doença mental.

Não é consensual que as obras produzidas por pessoas que sofrem ou sofreram de doença mental possam ser lidas como “obra de arte”. Definindo a obra de arte pelo significado (conotativo ou denotativo em relação ao objecto) e pela sua materialização, a sua interpretação não é universal porque depende de quem a vê (e do espaço semântico entre realidade e arte).  A abrangência desta definição permitiria enquadrar estas obras como arte, mas ao serem produzidas em contexto terapêutico, estas separam-se das resultantes da prática artística profissional, uma vez que foram produzidas por pessoas que poderão ou não ter formação artística académica e com pouco ou nenhum contacto com o mundo da arte ou instituições de arte, o que não impede de as olharmos com o espanto que merecem, nem de nos confrontarmos com a sua força expressiva.

Expor obras resultantes da produção de pessoas com experiência em doenças mentais é um projeto curatorial e museográfico complexo.

Há diferentes dimensões envolvidas na exposição destes trabalhos, nas quais se incluem, mas não se limitam, a componente médica e científica, a filosófica (a ética e a estética) e a social.

Fazer uma exposição implica ter algo “que expor e onde expor”. Sendo dadas as peças, para as expor é necessário eliminar e eleger, selecionar. Este processo implica a criação de uma narrativa que organize e estruture uma seleção em detrimento de outra. Exibir é explicitar a ordem pela qual as queremos mostrar, desvelar, dar um sentido à escolha que se pretende panorâmica e elíptica, evitando o somatório e a organização gregária; a ordem para que os diversos objetos criem um significado, a ordem para que esses objetos ganhem um corpo ao serem expostos de determinada maneira nos diversos locais; um corpo que se concretizou por agregar peças, valorizando o sentido plástico do conjunto.